sexta-feira, 31 de outubro de 2014

POETA DA VEZ - EUGENIO DE SÁ


Maravilhoso poeta português,que conheço através do Henrique Furtado


Fugaz amor


               Eugénio de Sá



 Foi desdita talvez... não! – foi loucura!

 De excesso, em excesso, quase febrilmente

Imaginar louvores, esperar ternura

Da mulher que inda amo loucamente.



Mais não mereço, sei-o finalmente

Mais nada auguro que mitigue a dor

É fado que carrego tristemente;

Esta cíclica saga, este estertor.



Porque quis Deus dar-me mais este sonho

Que só me traz desgosto e padecer?

Que noutra vida fiz de tão medonho

Que a expiação me faz tanto doer?



Na dormência da alma busco a paz

Mas por ser tão remota essa premissa

Eu tremo, eu me debato, incapaz
Da paz me dar, face a tanta injustiça!


Tempo de aceitações
Eugénio de Sá
  
Alabastrino, o tom desse teu rosto
Que os cílios matizam tristemente
Cerrados para sempre pra desgosto
Deste ser que te adora ternamente.

Ansiavas já por este desenlace
Como ponto final ao sofrimento
E a paz que ora se vê na tua face
Prova que experimentaste o lenimento.

É a paz que prenuncía a eternidade
Que vejo projectada nas feições
Que parecem tornar-te à mocidade.

Fomos um só mas com dois corações
Que bateram louvando a felicidade
Agora é tempo, amor, de aceitações.


Sintra
29.10.2014




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