Maravilhoso poeta português,que conheço através do Henrique Furtado
Fugaz amor
Eugénio
de Sá
Foi desdita talvez... não! – foi loucura!
De excesso, em excesso, quase febrilmente
Imaginar louvores, esperar ternura
Da mulher que inda amo loucamente.
Mais não mereço, sei-o finalmente
Mais nada auguro que mitigue a dor
É fado que carrego tristemente;
Esta cíclica saga, este estertor.
Porque quis Deus dar-me mais este sonho
Que só me traz desgosto e padecer?
Que noutra vida fiz de tão medonho
Que a expiação me faz tanto doer?
Na dormência da alma busco a paz
Mas por ser tão remota essa premissa
Eu tremo, eu me debato, incapaz
Da paz me dar, face a tanta injustiça!
Tempo de aceitações
Eugénio de Sá
Alabastrino, o tom desse teu
rosto
Que os cílios matizam
tristemente
Cerrados para sempre pra
desgosto
Deste ser que te adora
ternamente.
Ansiavas já por este desenlace
Como ponto final ao sofrimento
E a paz que ora se vê na tua
face
Prova que experimentaste o
lenimento.
É a paz que prenuncía a
eternidade
Que vejo projectada nas
feições
Que parecem tornar-te à
mocidade.
Fomos um só mas com dois
corações
Que bateram louvando a
felicidade
Agora é tempo, amor, de aceitações.
Sintra
29.10.2014
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